segunda-feira, 29 de agosto de 2011

PP – Partido Progressista: o retrato do ocaso dos partidos políticos brasileiros




Apesar de todos os senões, o bipartidarismo tem a vantagem de levantar massas dualistas semelhantes às torcidas de futebol quando só dois times têm relevância.

E como nos clássicos futebolísticos, cujos torcedores conhecem cada um dos atletas e chegam a formar torcidas organizadas, no bipartidarismo os simpatizantes votam e até cabalam votos para os candidatos do partido de sua predileção.
Essa afinidade já não acontece no multipartidarismo, principalmente quando a quantidade de partidos é expressiva, como acontece no Brasil. A dificuldade para conhecer a idealidade e os objetivos programáticos de cada agremiação política torna o voto do eleitor extremamente personalista, anulando quase que completamente a importância do partido político.
Não é por outra razão que o personalismo do voto é o principal indutor da infidelidade partidária e do recorrente troca-troca de partidos pelos políticos, confiantes na máxima de que “o eleitor vota no candidato e não no partido”.
Essa falta de identificação dos eleitores com os partidos, juntamente com a tolerância e a permissividade destes para com os desvios de conduta dos seus membros, são as causas mais visíveis da decadência das agremiações políticas.
Aliás, apesar de serem importantes instrumentos institucionais da democracia, historicamente todos os partidos políticos sempre careceram de credibilidade e da simpatia popular, mesmo nas nações-berço do sistema democrático.
Eram satanizados até pelos próprios políticos.
Na França, Balzac dizia que "os partidos políticos cometem em massa ações infernais, que cobririam um homem de opróbrio".
  Nos Estados Unidos, George Washington aconselhou o povo norte-americano, durante a sua Farewell Address (Mensagem de Adeus), a "prevenir-se dos ruinosos efeitos advindos do espírito partidário", seguido de John Marshall, para quem "nada rebaixa e polui mais o caráter humano do que um partido político".
Os sucessivos escândalos no cenário político brasileiro parecem dar razão a esse histórico sentimento de aversão.
Mas nada ilustra tão bem a ruína moral dos partidos políticos do que a reportagem da revista Veja (ed. de 31/08, p. 83) envolvendo políticos da cúpula do PP – Partido Progressista, filho primogênito da Arena no pós-bipartidarismo.
Descoberto mais um esquema de pilhagem de recursos públicos, desta feita no Ministério das Cidades, comandado pelo progressista Mário Negromonte, este montou uma tropa de choque para não ser defenestrado da pasta.


A munição da artilharia, conta Veja com espanto, não foi reunida para disparos contra inimigos, mas para atingir os próprios correligionários que, segundo Negromonte, “não têm currículo, mas ficha corrida”.
Surpreendentemente, nenhum progressista partiu para o enfrentamento, recolhendo-se todos a um mutismo característico dos que têm culpa em cartório.
A única reação partiu do deputado Esperidião Amin, mas mesmo assim de forma pouco dignificante. Em vez de acionar as instâncias partidárias para enquadrar o ministro-correligionário, que está sob suspeita de malfeitorias e é autor de chantagem explícita contra companheiros, Amin preferiu assumir o papel de Candinha e foi “levar as denúncias ao governo”.


Mas o deputado limitou-se a reclamar da “pressão” sobre os parlamentares progressistas para que dessem sustentação a Negromonte. As denúncias de falcatruas no Ministério das Cidades não foram alvo da sua atenção.
Pode-se compreender que a queixa ao governo tenha sido tão restritiva. Primeiro, o próprio Amin é detentor de uma daquelas “fichas corridas” que Negromonte ameaçava trazer a público. Segundo, mexer no vespeiro das trambicagens tinha o risco de aumentar a exposição de correligionários  muito próximos dele e supostamente envolvidos nas malfeitorias, como é o caso de Leodegar Tiscoski, secretário nacional de saneamento do Ministério das Cidades.
É a velha história da “penca de caranguejos, agarrados uns aos outros”.
E é também o comportamento típico do político brasileiro. Numa escala de valores, o interesse público tem o menor peso.
Decididamente, Esperidião Amim e o PP não são mais os mesmos.
Amin, dotado de uma memória prodigiosa e administrador competente, tornou-se uma sombra do político carismático que era, reeleito várias vezes para o governo barriga-verde e outras tantas para o Senado. Depois de duas monumentais coças eleitorais recebidas do peemedebista Luiz Henrique da Silveira, virou um dirigente partidário seletivo: diante de adversários da estatura de Negromonte, foge do confronto e atua nos bastidores; com adversários peso-leve age com mão-de-ferro, como quando coloca sob intervenção pequenos diretórios municipais do PP em Santa Catarina.
O PP, por seu turno, não tem nenhum traço do DNA da grande Arena. Resignado com a sua insignificância, mostra que virou farinha e que está satisfeito em ser apenas mais uma sigla que abriga políticos com “folha corrida” sempre à cata de uma “boquinha” no governo de plantão.
A sigla é hoje o retrato acabado dos partidos políticos brasileiros e, por isto, o país está a necessitar de uma reforma político-partidária urgente, URGENTÍSSIMA !

Um comentário:

  1. Boa tarde, Prezados
    Gostei muito e acho que o pau tem que continuar. Bem propriamente o Negromonte, aquele, disse que há que se diferenciar os politicos que tem curriculo dos que tem ficha corrida.
    Vai dai que inclusive este, além de acobertarem a senhora "roriz" com seus votos secretos , são a mais cabal prova de que além de lhes faltar classe, perfil e condição ilibada para comentar a respeito de outros, dada a sua condição calva e coberta com vidro , também ficaram sem lastro, sem frente, sem fundo e sem lado para dizer qualquer coisa.
    Estão se afunilando como ratazanas enfiadas em chifres e acho que está chegando a sua hora.
    Qualquer tipo de desfalque no erário público deve , a meu ver ser tratado como crime hediondo.
    Medonha, esta corja perdeu o mínimo de senso de moral e dignidade , faltando completamente ao respeito com a população brasileira .
    Na era da internet não tem mais como mentir nem esconder esta bandalheira.
    São meus votos que o barulho que ora esta acontecendo se transforme numa imensa tempestade popular , do tipo destas que derrubaram os kadafis da vida, e esta corja vá parar toda na cadeia.
    Att.
    Claudio Hörbe

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